Vida de Mãe

Tipos de escolas: como escolher a melhor para o seu filho?

Quando a gente começa a pensar em escola para as crianças, escuta mil e um conselhos e fica sabendo de mil e um tipos de escolas: construtivista, montessoriana, waldorf… Mas na prática, o que é que cada uma destas linhas pedagógicas tem a oferecer? E qual delas é a melhor para o seu filho?

como escolher a melhor escola

Antes de mais nada, é bom saber que, seja qual for a linha pedagógica que a escola que você gostou/visitou diz seguir, todas as escolas no Brasil precisam seguir as Leis de Diretrizes e Bases que diz quais matérias/atividades são obrigatórias para cada ano escolar.

Mesmo que a escola seja bilíngue ou de matriz internacional, aqui no Brasil, ela precisará seguir estas diretrizes para que o certificado de conclusão de estudos, de cada ciclo do seu filho, seja válido!

Além disso, também acho bem importante lembrar que, quando se trata de crianças, educação e aprendizado, nada é estático! No dia a dia de uma escola, as linhas pedagógicas servem sim de base para a programação escolar mas, na prática, as escolas devem seguir no ritmo de seus alunos e professores, a educação se constrói sozinha e diariamente, as pessoas são sempre surpreendentes e podem (e devem) inovar e encontrar sempre novas soluções para velhos problemas.

O que eu quero dizer com isso? Que pode ser que você escolha para o seu filho uma escola montessoriana e de repente, descubra que lá no ensino fundamental I ele terá avaliações iguais as que existem nas escolas tradicionais. Ou, que quando a escola te apresenta a grade escolar e te diz que a aula de música ou a de inglês são extras incríveis, na verdade, são apenas cursos que obrigatoriamente devem ser oferecidos.

Então, baseada na minha experiência de mãe, que já passou pela educação infantil e agora, está no final do fundamental I e ainda, nos meus conhecimentos da faculdade de licenciatura em História e em muita pesquisa por aqui, fiz um resumo dos tipos de linhas pedagógicas mais utilizadas no Brasil.

Incluí as minhas observações e impressões pessoais e algumas dicas para você considerar qual destas linhas tem mais a ver com o seu filho, com você e com a sua família!

Escola Tradicional

Na escola tradicional, o professor é a figura central, é ele quem diz aos alunos o que, como e onde aprender. O aluno recebe a informação e deve prosseguir com os conhecimentos adquiridos/memorizados sem fazer contestação, uma vez que ele somente será considerado certo se, seus resultados forem os esperados pelo professor.

Ou seja, na escola tradicional, o aluno deve seguir a linha de pensamento imposta pela escola e professor, para conseguir que seus resultados sejam considerados, ele precisa chegar às mesmas conclusões que o professor e estar de acordo com ele. Infelizmente, ainda é o método mais utilizado pelas escolas do nosso país.

As avaliações são feitas de maneira tradicional, com provas e pontuações a fim de que o aluno possa provar tudo o que conseguiu memorizar e assim, ser promovido ao próximo ano escolar. Ainda que ele não tenha de fato apreendido o conteúdo, basta que faça a pontuação mínima exigida.

É normalmente neste tipo de escola que você encontrará aquela grade curricular estática, onde não há espaço para aulas de música, artesanato ou qualquer outra coisa que estimule a criatividade e expressão dos alunos.

Escola Comportamentalista

Nesta linha pedagógica, o professor tem a tarefa de propor que os alunos cheguem ao comportamento e resultados esperados através de técnicas e materiais pré-determinados. É ele quem controlará o tempo que cada aluno deve levar para seguir os procedimentos e chegar aos resultados desejados.

O aluno é estimulado de maneira mecânica com recompensas por cada um dos objetivos alcançados. As avaliações também são tradicionais com pontuação mínima para se alcançar o próximo nível escolar.

É aqui que você provavelmente encontrará propostas curriculares que também envolvem gincanas matemáticas, jogos de competição e construção entre salas ou entre escolas, etc.

Escola Construtivista

Uma das mais faladas por aí, a escola construtivista propõe que cada aluno construa o seu proprio conhecimento. Aqui, os professores são apenas guias e cada criança será estimulada de acordo com suas próprias capacidades individuais de raciocínio e cognição.

O foco está no indivíduo e assim, as atividades costumam envolver muitas experiências práticas onde as crianças vivenciam o que aprendem e chegam às suas próprias conclusões. É nestas escolas que provavelmente você encontrará hortinha, aulas de artes livre, aulas de música e muitas outras do tipo que estimulam a criatividade.

Não há avaliações tradicionais, os professores montam relatórios individuais de acordo com o progresso de cada aluno, pontuando onde é necessário voltar e aprender mais um pouco e onde está tudo dentro da média da turma.

escola construtivista
Experimentações e experiências para chegar em conclusões individuais

Escola Montessoriana

Criada pela italiana Maria Montessori, a escola montessoriana prioriza o aprender a partir de experiências e observação. A individualidade da criança é levada em consideração e assim, as aulas oferecem muitas atividades práticas onde cada aluno deverá aprender e descobrir de acordo com seu ritmo.

As professoras instruem os alunos sobre quais atividades devem realizar mas, cada aluno é livre para realizar as experiências/brincadeiras que quiser inclusive, em quais turmas desejar estudar. Assim, as crianças de idades diferentes se misturam e ajudam umas às outras, estimulando a convivência e o “cuidar do próximo”.

Os alunos devem cumprir módulos obrigatórios para cada ciclo escolar mas, não há avaliações tradicionais. As professoras avaliam o progresso de cada criança retornando aos módulos em que ainda há necessidade de estímulo e aprendizado sem um ritmo comum a turma.

Na escola montessoriana você provavelmente encontrará propostas curriculares que incluem muitas atividades ao ar livre, experiências de “vida prática” (como por exemplo, brincar de casinha, fazer compras no mercadinho, atender ao telefone…) entre outras.

escola montessoriana
A roda montessori é uma prática comum onde os alunos contam coisas novas, compartilham idéias, dúvidas…

Escola Freiriana

Baseada nos ensinamentos de Paulo Freire, a pedagogia freiriana busca respeitar cada aluno em sua individualidade e ainda, dentro de seu contexto cultural e social. O cronograma escolar é construído individualmente de acordo com as necessidades individuais de cada aluno fazendo com que o aprender faça sentido para ele.

Na prática, há um grande despertar para as questões mais humanas e sociais, chegando-se a conclusões lógicas a partir de empatia e sociabilidade. Não há avaliações tradicionais.

A maioria das escolas que utilizam este método oferecem apenas a educação infantil já que, ele é mais voltado para a alfabetização.

Escola Waldorf

Na escola Waldorf, os ciclos são divididos em sete anos e cada ciclo terá um foco específico que respeita a fase de vida do indivíduo. Ou seja, na educação infantil, o foco será o desenvolvimento cognitivo, o fazer e descobrir com as mãos e assim, as crianças terão aulas de culinária, marcenaria, costura, artesanato…

Os professores são tutores que propõem atividades mas, respeitam o ritmo de cada aluno avaliando seu progresso individual e a capacidade de mudar de ciclo. Não há pressa e não há cobrança, algumas escolas não têm nem horários pré-definidos, sendo levado em conta o tempo de cada um e o desejo de estar na escola para aprender.

É aqui onde você provavelmente encontrará propostas curriculares que incluem aulas de cerâmica, mosaico, culinária, artesanato, horta, canto, dança…

escola waldorf
Liberdade para se expressar! Não tem uniforme, não tem horário, tem muito pé no chão e experimentação!

Escola de Tendência Democrática

Baseada na Escola Summerhill, da Inglaterra, a escola de tendência democrática não tem um currículo escolar comum a todos os alunos. Cada série terá uma quantidade de matérias/cursos e cada aluno escolherá quais pretende cursar.

As aulas incluem experimentações, debates, projetos, leituras e não há avaliações tradicionais. Ao final de cada curso, o aluno deverá apresentar trabalhos ou projetos que demonstrem tudo o que aprendeu daquele conteúdo estudado.

escola de tendencia democratica
A escola Summerhill na Inglaterra. Cada aluno escolhe o que estudar!

Aqui em casa, eu comecei com uma escola montessoriana. Para a fase da educação infantil das crianças, fiz esta escolha pois, julguei muito mais importante que as crianças começassem em um ambiente onde seus ritmos, capacidades e preferências fossem respeitados e apreciados, do que colocá-los em escolas que já os obrigassem a aprender um método rígido que poderia futuramente, tosar iniciativas.

Claro, isto é a minha opinião e a escolha que eu fiz para mim e a minha família! Eu nunca tive a necessidade de provas com notas para me provar fisicamente o quanto meus filhos sabem ou não, disto ou daquilo. Eu sei exatamente onde estão as excelências e as dificuldades de cada um deles, e me sinto mais segura com uma escola que tenha professores que também se preocupem e observem estas individualidades.

Quando o Pedro atingiu o primeiro ano do ensino fundamental I (para não esquecer, o fundamental I vai do primeiro ao 5 ano escolar, o fundamental II do sexto ao nono ano e depois, temos o ensino médio de 3 anos), optamos por uma escola mista.

Na nova escola, as diretrizes são construtivistas mas, com algumas atividades montessorianas (de vida prática), experiências comportamentalistas (mais técnicas) e avaliações ao final de cada bimestre como na escola tradicional.

Na nossa experiência, este misto tem sido muito bom! Ao mesmo tempo em que o Pedro e a Cacá aprendem os conteúdos exigidos para a idade e para a vida em sociedade, também tem suas individualidades respeitadas, aprendem com experiências reais, socializam e humanizam situações e eu acho que estão sendo adequadamente preparados.

E quando eu digo “preparados”, não estou querendo dizer para a faculdade ou um emprego, estou querendo dizer preparados para a vida, porque esta sempre foi a minha maior preocupação. Agora estamos indo para uma nova mudança: Pedro a Cacá começarão a estudar em uma escola bilíngue!

E por quê eu fiz esta escolha? E por quê agora?

O curso de idioma (inglês) é obrigatório no currículo escolar das escolas brasileiras e por isso, sempre esteve presente em todas as escolas das crianças, desde a montessoriana até a atual. Eu sempre achei lindo vê-los aprendendo a cantar em inglês, dizer as cores, os nomes das coisas e tinha muita fé que aos poucos, de tanto ouvir e falar, o inglês seria incluído em suas vidas sem grandes dificuldades.

Acontece que, o Pedro começou a ter alguma dificuldade com a matemática e assim, focamos em ajudá-lo com esta matéria e ele passou a se sentir muito sobrecarregado, ignorando completamente as aulas de inglês da escola até chegar em um ponto que ele simplesmente não conseguia mais acompanhar a turma.

Ao perceber isso, resolvi incluí-lo em curso de inglês a parte na esperança de que, em novo ambiente, com novas propostas de exercícios e atividades, ele voltasse a demonstrar interesse pelo estudo do segundo idioma e funcionou, por um tempo!

Como não há necessidade de comprometimento com o cursinho de inglês, ele passou a levar “de qualquer jeito” exatamente como faz com as aulas de inglês da escola e, financeiramente, pagar para a criança ignorar completamente as aulas, não é lá muito inteligente, né?

E eu sei que o Pedro não funciona na pressão, ou seja, eu sei que não adianta brigar ou exigir nada dele nas aulas de inglês, ele precisa gostar, precisa se interessar e por isso, minha nova aposta é a escola bilíngue!

Na nova escola, também de diretrizes mistas e prioritariamente construtivista, ele terá as mesmas matérias e aprendizados que tem hoje, só que com o inglês sendo falado diariamente. Além disso, estou incluindo novos cursos que ele ama como, robótica, judô, natação e informática que também são todos em inglês e assim, espero que ele se sinta mais estimulado e motivado a aprender a língua.

Pode ser que dê tudo errado e ele passe a odiar a escola e a língua, mas eu estou apostando no poder da “cuca fresca” de criança para absorver o conhecimento e confio na pedagogia e na forma lúdica em que isto acontecerá no novo ambiente escolar.

Aliás, isto me lembra da coisa mais importante que você precisa considerar na hora de escolher a melhor escola para o seu filho: você precisa confiar na escola que você escolheu! Se você confiar no método, nos professores, na organização e principalmente, no seu filho e em você, vai dar tudo certo!

E não se esqueça, além de escutar a escola e conhecer o ambiente, é bacana ouvir outras mães sobre suas experiências com o método que você está pensando em adotar para o seu filho. Se você está em dúvida e eu puder ajudar, manda a pergunta aqui no comentário, tá?

E quem tiver uma experiência bacana (ou não) em qualquer uma destas metodologias pedagógicas, compartilha com a gente também!

Bjs ;)

 

7 comentários

  1. Meu filho tem apenas 3 anos e, bem por isso, ainda temos pouca experiência com a escola. Mas acho válido falar da nossa experiência.
    Nós optamos por uma escola montessoriana e, até então, estamos adorando! A parte de vida prática é super útil para o dia a dia dos pequenos e ter sua individualidade respeitada é fundamental para mim.
    Outra coisa que gosto bastante é do incentivo da escola em que os pais aprendam mais sobre a metodologia e estejam sempre presentes não só na escola, mas no aprendizado dos filhos.

  2. Olá Loreta!

    Sou sua seguidora e leitora fiel há anos mas dificilmente eu faço comentários rsrsrs mas suas ideias batem muito com as minhas e estou nessa busca de escolas construtivistas para meu pequeno. Ele ainda está no jardim I e ainda tenho todo o ano que vem para correr atrás disso mas acontece que moro na zona leste e vejo poucas escolas dessas por aqui!
    Você conhece ou indica alguma escola na região da penha, vila matilde e redondezas?
    Já agradeço e parabéns mais uma vez!

    1. Oi Livia, que bom saber que você está sempre por aqui! <3 Pessoalmente, não conheço nenhuma para te indicar mas, existe um Guia de Escolas de SP que costuma ter boas matérias com informações de preços, estrutura, metodologia, etc. de todas as escolas da cidade e arredores. Eu não tenho certeza se este guia está disponível online, mas dá uma procurada! Acho que já é um começo pra você procurar! Depois que você achar algumas candidatas, tem que ir visitar pessoalmente e "sentir" o clima! Escolher a escola das crianças é uma coisa bem complicadinha mesmo, eu confesso que estou um pouco insegura com a nossa mudança, mas faz parte né? Boa sorte pra vocês e qualquer coisa, me chama, tá? Bjs ;)

  3. Bom dia, estava pesquisando na nternet sobre alimentação para bebês que precisam ganhar peso na internet e encontrei esta página.
    Acabei encontrando muito mais do que procurava, não conhecia os métodos pedagógicos aqui apresentados e estou muito satisfeita com o novo aprendizado que adquiri aqui.
    Só tenho a agradecer, gostaria de ter conhecido essa página antes… Parabéns pelo excelente trabalho!!

  4. Boa tarde. Gosto muito das escolas que respeitam cada aluna na sua invidualidade, contudo me preocupo um pouco como o aluno vai lhe dar com os vestibulres que irá enfrentar lá na frente. digo isso pois muitas dessas escolas não tem prova que visa a nota, e acredito de verdade que essa é a melhor forma. Contudo me pergunto como vai ser encarar no sistema tradicional que infelizmente vão ter que encarar lá na frenet

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